-
Região
- Quinta, 24 de julho de 2025 às 15:16
Nota de Falecimento em Monte Alto
Antonio Aparecido Agostini
Falecimento:24/07/2025
Nascimento: 08/09/1942
Idade: 82 anos
Homenagem:
Antônio Aparecido Agostini, que nos deixou nesta quinta, escreveu seu nome na história do Rotary. Aqui, como homenagem, rememoramos sua entrevista à Revista Pirapora, nos 60 anos do clube:
"O Rotary é a minha vida"
A frase-manchete é a definição de Antônio Aparecido Agostini. Afinal, ele se expressa com a grandeza de ser o sócio há mais tempo presente no clube montealtense: 49 anos oficiais, mas 50 em sua contagem.
“Porque eu já auxiliava em alguns trabalhos antes mesmo de ser convidado. Passei mais tempo da minha vida como rotariano do que fora do clube”.
Agostini é, até hoje, o único montealtense a ser governador do distrito 4540 e, pela vivência e experiência adquirida, é sempre consultado nas questões internas do clube de serviços, independente da magnitude do assunto.
Uma vivência que, aliás, é expandida desde o início da trajetória: em 1969, a vida profissional de Agostini o levou a trabalhar por seis meses em Assis (SP) – quando participou do Rotary daquela cidade, como visitante.
Logo depois, o trabalho o levou a passagem por outra cidade paulista: Tambaú, onde ajudou a fundar o Rotary local, sendo eleito, inclusive, o seu primeiro tesoureiro. Décadas mais tarde, ganharia diploma do Executivo de Tambaú, pela sua atuação na cidade – apenas uma de muitas láureas do "EGD" (sigla que distingue quem já comandou o amplo distrito 4540).
Em entrevista à pirapora, Agostini fala sobre suas cinco décadas no clube, os melhores momentos e o futuro do tradicional clube de serviço.
Fui convidado por um amigo, o Nivaldo Morgado, que posteriormente tornou-se meu padrinho. Na festiva de 1967, nos 10 anos do clube, eu auxiliei no encontro que aconteceu na chácara do Luizinho Cestari (sentido Taquaritinga) e, depois, passei a frequentar algumas reuniões. Só fui inscrito oficialmente em 1968, mas eu já me sinto, hoje, com 50 anos de vida rotária.
Nunca quis ser presidente; fui alçado. Na época, tivemos um problema político no clube, que resultou em outro racha e muitos companheiros acabaram saindo. Neste momento, chegaram até a mim e falaram: ‘você é neutro e, por isso, precisa ser o nosso presidente’. Mesmo com pouco tempo de clube, acabei aceitando. Inclusive, sempre cuidei para que a política não entrasse no Rotary. Na minha segunda gestão como presidente, fui eleito com mais antecedência; então, tive tempo para me preparar. Porém, na terceira vez [um recorde em Monte Alto], fui novamente alçado – o tempo para eleger o presidente estava se esgotando e o então comandante, Ehidi Kondo, veio a mim com nova proposta.
Minha maior realização, entre tudo o que fiz para e no Rotary, acho que foi a construção da sede social. Foi o que mais me marcou, pois era algo que buscávamos desde quando entrei no clube. As reuniões, antes, aconteciam no Aero Clube/Monte Alto Clube, hotel, em restaurantes e até nas casas dos sócios. Para conseguir dinheiro para a compra do terreno, fizemos algo que ninguém acreditava na época. Fui até São Paulo para uma audiência com o Secretário de Segurança Pública, Erasmo Dias – durante os anos da Ditadura. O motivo era a liberação de um bingo na cidade; afinal, o jogo era proibido em todo o território nacional. Não só consegui a liberação, como veio um coronel de São Paulo, para nos auxiliar no dia do evento, que ocorreu no Campestre Clube, sendo sorteados três carros. Veio gente da região inteira e foi o maior sucesso, com boa renda.
Até chegarmos onde estamos, muita coisa aconteceu. Ganhamos um terreno do Afonso Cestari, nos fundos do antigo Cine São Jorge. Mas, por ser pequeno, achamos que não era viável. Depois, ganhamos outro espaço, no bairro Jardim Bela Vista, que ainda estava em seu início. O local seria bem na esquina de onde fica hoje a igreja do bairro. Chegamos a iniciar a construção que, a princípio, seria uma sede de campo. Mas um forte vendaval colocou, literalmente, nosso sonho no chão. Por este motivo, devolvemos o terreno. Até que, em uma noite, já depois da realização do bingo, confesso que sonhei com o local que estamos, que então era uma fábrica de adubos abandonada [a fábrica de fertilizantes Margô]. O clube não possuía todo o dinheiro necessário para a compra, mas, juntamente com o Dorival Madeu, também sócio e depois também presidente, bancamos o negócio. Depois, com o tempo, na gestão do [Luiz Antonio] Guimarães, foi anexado o prédio ao lado. Ali, por muito tempo, serviu como espaço para as nossas festivas. Há alguns anos, pela relativa baixa utilização anual, a extensão do espaço foi alugada para uma academia.
Ser governador também não era uma pretensão. Mas, estava se esgotando o prazo de indicações e o Governador Osney, de Jaboticabal, juntamente com outras lideranças da época, sugeriu o meu nome. Só aceitei com a condição que, caso aparecesse outro nome, eu ficaria de fora. Fui o único mesmo e acabei eleito para o ano rotário 1998/1999. Acho que consegui marcar a passagem como governador por ter sido responsável por implantar o PLD – Plano de Liderança Distrital, que instituiu a figura do Governador Assistente. Assim, futuros governadores haviam sido meus assistentes; eles eram os complementos das minhas mãos e voz pelo Distrito 4540. Ainda na minha governadoria fizemos o primeiro RYLA, primeiro Seminário da Fundação Rotária e a primeira reunião distrital da Casa da Amizade.
O Rotary sempre foi forte no quesito projetos, desde o seu início.
Nos primeiros anos, construiu salas de aulas em bairros rurais como Tabarana e Água Limpa – sempre capitaneado pelo Fioravante José Canalli, um grande rotariano.
Por ter sido fundado por médicos, teve grande atuação nessa área, como por exemplo, o primeiro clube a realizar a campanha contra a paralisia infantil, com a vacina Salk – precedente da gotinha da Sabin – em célebre iniciativa lançada pelo Dr. José de Paula Eduardo. Basta dizer que essa Campanha, apenas muitos anos mais tarde, se tornaria o maior objetivo do Rotary Internacional.
O clube construiu, ainda, uma creche no Jardim Paraíso e muitos outros projetos municipais nasceram dentro do clube. Um grande exemplo foi a Guarda Civil Municipal, além de projetos de saúde como o exame do pezinho nos recém-nascidos e o banco de córneas (hoje inexistente). Contribuímos bastante com o Educandário Izildinha, APAE e Asilo, com doação de aparelhos médicos e produtos para o dia-a-dia. Isso só para citar algumas das iniciativas executadas em nossa rica história.
Temos um futuro promissor.
O clube está se renovando, contando com jovens que se somam à experiência de alguns veteranos. O nosso trabalho desperta o interesse em quem quer servir, em quem quer ajudar o próximo. E o Rotary é a minha vida. Devo muito ao clube. Vim da roça para ser bancário e não conhecia nada. Como entrei no Rotary muito cedo, comecei a conviver com outras pessoas, de um mundo diferente e isso ajudou em minha formação pessoal e na minha personalidade.
O Rotary fez e faz parte da minha vida. Nos lugares que passo e vejo a roda denteada, sinto uma enorme felicidade por dentro.
.Nossos sentimentos à família.

