Acesso Seguro!

Famílias denunciam cobrança por serviços de embalsamento de corpos em cemitérios

Famílias denunciam cobrança por serviços de embalsamento de corpos nos cemitérios de SP, o procedimento não é obrigatório

 

Empresas como Velar e Grupo Maya dizem às famílias que tanatopraxia é obrigatória e cobram valores fatiados do serviço que chegam a custar R$ 4.900 na versão 'prime'.

 

Família com bebê nascido morto também teve que pagar pelo serviço, mesmo fazendo enterro em caixão fechado.

 

Empresas negam que cobram serviço.

 

Indicada apenas para casos de velórios que se estendem por dias ou em casos de corpos que vão viajar a distâncias superiores a 250 km do local da morte, a tanatopraxia tem sido cobrada indiscriminadamente pelas concessionárias que assumiram o serviço funerário da cidade de São Paulo desde o ano passado, segundo denúncia de famílias paulistanas.

 

Notas fiscais obtidas pela reportagem mostram que concessionárias como Grupo Maya e Velar têm cobrado pelo serviço até mesmo de família que fez o enterro em caixão fechado de um bebê nascido morto (veja mais abaixo).

Nota do Grupo Maya mostra cobrança de R$1.500 por bebê nascido morto em São Paulo. — Foto: Reprodução

 

Nota do Grupo Maya mostra cobrança de R$1.500 por bebê nascido morto em São Paulo. — Foto: ReproduçãoA tanatopraxia é um conjunto de procedimentos para "embalsamar" corpos de pessoas que morreram há tempos superiores a 24 horas ou 48 horas e preservá-los para a despedida da família e dos amigos.

 

Os legistas ou tanatopraxistas retiram os líquidos do corpo para que não haja vazamentos no transporte ou no velório, além de injetarem substâncias que atrasam a decomposição.

 

O que o profissional faz:

 

Uma higienização do corpo de dentro para fora, trocando fluidos, como o sangue, por fluido arterial, que contém formaldeído (o formol), a partir da anatomia do próprio organismo;

 

Por fora, o profissional melhora a estética do cadáver, por meio de necromaquiagem e, se necessário, reconstrução;

 

A técnica, no entanto, não é uma preservação a longo prazo, como a mumificação.

 

Ela dura cerca de 72 horas;

 

O procedimento não reverte nada que já tenha acontecido com o corpo.

 

Assim, se ele já entrou em estágio de decomposição, o processo será apenas adiado.

 

Segundo os especialistas consultados pelo g1, é um serviço não obrigatório para as famílias e indicado apenas nos casos mencionados acima.

 

Entretanto nas agências funerárias da capital paulista a tanatopraxia tem sido apresentada como obrigatória às famílias com cobranças altíssimas e "completamente fora da realidade", segundo quem entende do assunto.

 

É o caso de Jozilmo Lima, pai de uma criança que nasceu prematura e morta no Hospital São Paulo, em novembro de 2024. Ao procurar uma agência do Grupo Maya para o sepultamento no Cemitério Campo Grande, em Parelheiros, extremo Sul da cidade, teve a cobrança de R$ 1.500 pelo serviço de tanatopraxia no bebê incluída nos custos de sepultamento.

 

A criança nasceu morta no hospital no dia 22 de novembro, e o velório foi feito no dia 24 - mesmo dia em que deixou o hospital - com caixão fechado.

 

Mesmo assim, o Grupo Maya cobrou de Jozilmo o serviço de tanatopraxia.

 

Os custos totais do sepultamento da criança foram de R$ 3.252.

 

“Não me falaram que o serviço era opcional.

 

Queriam me cobrar mais de R$ 4.500, e eu falei que não tinha dinheiro para pagar.

 

Diminuíram R$ 1.000, mas eu sabia que estava sendo roubado.

 

Porque já é o terceiro filho natimorto e prematuro que, infelizmente, tenho que enterrar.

 

Na última vez, três anos atrás, paguei R$ 800 para fazer todo o enterro.

 

Agora me cobraram mais de R$ 3 mil”, disse.